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CAPOEIRAS É CONSIDERADA A MAIOR COMUNIDADE QUILOMBOLA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

quinta-feira, 9 de julho de 2020

CAPOEIRAS - MACAÍBA


CAPOEIRAS É CONSIDERADA A MAIOR COMUNIDADE QUILOMBOLA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
Comunidade localizada no município de Macaíba foi formada no século XIX por negros libertos do interior do estado
Capoeiras é considerada a maior comunidade quilombola do estado do Rio Grande do Norte e está localizada na área rural de Macaíba, há 65 km de Natal. Atualmente, conta com 350 famílias em seu território. É forte a ideia que todos compartilham de um mesmo traço genealógico, resultando na compreensão que seus habitantes pertencem a uma mesma família, no que fortalece o sentido de comunidade e identidade.
Durante a Guerra de Secessão dos EUA, Macaíba se tornou um importante centro comercial. A guerra fez com que os norte-americanos não produzissem o algodão necessário para os consumidores europeus, no que beneficiou a cidade. A partir disso, foram muitas as pessoas escravizadas que chegaram ao estado com o intuito de servir de mão de obra para cobrir essa demanda. Os negros escravizados vieram, sobretudo, de Pernambuco, instalando-se além de Macaíba, nos Engenhos de Cunhaú e nas regiões de Goianinha e Canguaretama.
A memória da comunidade é compartilhada, de maneira geral, a partir da oralidade, que vai sendo repassada de geração em geração. Os relatos dos moradores nos conta que a comunidade de Capoeiras foi formada ainda no século XIX por negros libertos oriundos da Serra do Martins, Vale do Açu, Ferreiro Torto e Engenho de Cunhaú. Antes da colonização, o território ela ocupado por índios tupi. Teria sido Luís Garcia e sua esposa “pulca”, vindos da Serra do Martins, os responsáveis por ocuparem as terras e darem início a comunidade.
Atualmente, seus habitantes vivem da agricultura de subsistência, da comercialização da mandioca e da fabricação de tijolos. Sua tradição religiosa mescla os valores do cristianismo católico e evangélico com aqueles de origem africana. A comunidade também se orgulha de uma antiga tradição, a dança do pau-furado, um folguedo, onde só participam os homens da comunidade, e mistura o coco de roda com o jogo de capoeira.
Somente nos anos de 1990 que a comunidade passou a se mobilizar para reivindicar o reconhecimento que ali era um remanescente de Quilombo. Foi de grande ajuda a participação de organizações e movimentos negros nessa luta pela valorização da cultura de Capoeiras. O resultado do encontro da líder da comunidade Lídia Basílio com Elizabeth Lima da Silva, militante da Entidade Kilomba, organização negra do RN fez com que a comunidade passasse a se reconhecer digna de direitos. Se antes, por vergonha, seus habitantes se declaravam os “morenos da Capoeira”, hoje, orgulhosamente se intitulam os “negros de Capoeira”.
FONTE – BRASIL DE FATO

CAPOEIRAS - A TERRA QUE O TEMPO ESQUECEU



CRUZEIRO ERGUIDO E BENTO PELO PE. JOÃO MARIA. 


O primeiro núcleo populacional de Capoeiras surgiu por volta de 1847. Eram de três a quatro famílias de escravos fugidos da perversidade de D. Maria Rosa de Moura, senhora do Engenho Ferreiro Torto.


Em 1875, o coronel Estevão José de Moura, viúvo de Maria Rosa, num gesto pioneiro alforriou todos os escravos do Engenho, assegurando aos que permanecessem um salário dentro de suas novas possibilidades e aos que já moravam no quilombo de Capoeiras, proporcionou-lhes a posse daquelas terras, que pertenciam aos domínios do Engenho.

Através da ação do Clube Abolicionista Macaíba, Augusto Severo e Prudente Alecrim trouxeram para Capoeiras escravos roubados e fugidos dos engenhos do litoral. Nessa perspectiva, Capoeiras passou a ser o centro aglutinador de toda a ação abolicionista do litoral, recebendo os escravos oriundos dos engenhos litorâneos e mesmo das cidades vizinhas.

Em 1889, com a proclamação da República, o governo republicano formaliza o registro civil. Os ex-escravos atendiam pelos seus respectivos nomes, seguidos do lugar de origem ou engenho a que pertenciam. Muitos deles passam a adotar os nomes de seus antigos senhores, foi o caso de Capoeiras, onde a população adotou o sobrenome Moura - do antigo senhor que lhes deu a liberdade e a terra.

Na comunidade existe um Cruzeiro que foi erguido pelo padre João Maria, vigário do Natal e abolicionista. Foi o padre da assistência religiosa e devocional do povoado. Primeiro ajudou ao clube abolicionista local. Depois vinha sempre uma vez por mês a Macaíba oficializar os sacramentos do batismo, casamento e unção dos moradores de Capoeiras. O cruzeiro marca o local dos eventos na falta da capela.

Por muito tempo, os moradores casavam-se entre si. Não aceitavam pessoas de outros lugares. Com o isolamento foi mantida uma espécie de organização social arcaica e uma economia baseada na agricultura.

Os agricultores compram as sementes através de um intermediário, para posteriormente vender sua produção a esse mesmo intermediário. Produzem mandioca, feijão e milho. Vendem seus produtores nas feiras de Macaíba, no sábado, e na de Bom Jesus, no domingo.

Com cerca de dois mil moradores (cerca de 230 famílias), Capoeiras tem uma escola municipal (Ensino Fundamental) e um posto de saúde. A energia veio chegar há 18 ou 20 anos atrás e a água por adutora há 14 anos.

Capoeiras ganhou infra-estrutura rodoviária, facilitando o contato com as comunidades vizinhas. Apesar de distante de Macaíba, a maior parte do trajeto é asfaltada. Dentro da comunidade, as casas são quase todas de alvenaria e as ruas principais pavimentadas. O cenário lembra uma cidade rural, com carros-de-boi circulando carregados com a colheita, gente na calçada e pouco trânsito.

Da religião herdada pelos africanos, pouco ou quase nada se vê em Capoeira dos Negros. Os fiéis do local estão divididos entre duas igrejas protestantes e uma católica, cuja padroeira é Nossa Senhora Aparecida. O grande baluarte da cultura africana é a dança do “pau furado”.

Em agosto de 2007, num reconhecimento histórico, a Ministra Matilde Ribeiro entregou o certificado de Comunidade Remanescente de Quilombo a Capoeiras.

Ainda em 2007, a Prefeitura de Macaíba, em parceria com o Ministério da Cultura através do programa Cultura Viva – Ponto de Cultura realizaram um trabalho de resgate histórico da comunidade com o filme Capoeiras dos Negros: “A terra que o tempo esqueceu”. O filme mostra os costumes, a população, as crenças, o artesanato, as danças e comidas típicas, com destaque para os próprios moradores que contarão sua história.
FONTE – BLOG HISTÓRIA E GENEALOGIA, DE ANDERSON TAVARES DE LYRA

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