CRUZEIRO ERGUIDO E BENTO PELO PE. JOÃO
MARIA.
O primeiro núcleo populacional de Capoeiras surgiu por volta de 1847. Eram de três a quatro famílias de escravos fugidos da perversidade de D. Maria Rosa de Moura, senhora do Engenho Ferreiro Torto.
Em 1875, o coronel Estevão José de Moura, viúvo de Maria Rosa, num gesto pioneiro alforriou todos os escravos do Engenho, assegurando aos que permanecessem um salário dentro de suas novas possibilidades e aos que já moravam no quilombo de Capoeiras, proporcionou-lhes a posse daquelas terras, que pertenciam aos domínios do Engenho.
Através da ação do Clube Abolicionista Macaíba, Augusto Severo e Prudente Alecrim trouxeram para Capoeiras escravos roubados e fugidos dos engenhos do litoral. Nessa perspectiva, Capoeiras passou a ser o centro aglutinador de toda a ação abolicionista do litoral, recebendo os escravos oriundos dos engenhos litorâneos e mesmo das cidades vizinhas.
Em 1889, com a proclamação da República, o governo republicano formaliza o registro civil. Os ex-escravos atendiam pelos seus respectivos nomes, seguidos do lugar de origem ou engenho a que pertenciam. Muitos deles passam a adotar os nomes de seus antigos senhores, foi o caso de Capoeiras, onde a população adotou o sobrenome Moura - do antigo senhor que lhes deu a liberdade e a terra.
Na comunidade existe um Cruzeiro que foi erguido pelo padre João Maria, vigário do Natal e abolicionista. Foi o padre da assistência religiosa e devocional do povoado. Primeiro ajudou ao clube abolicionista local. Depois vinha sempre uma vez por mês a Macaíba oficializar os sacramentos do batismo, casamento e unção dos moradores de Capoeiras. O cruzeiro marca o local dos eventos na falta da capela.
Por muito tempo, os moradores casavam-se entre si. Não aceitavam pessoas de outros lugares. Com o isolamento foi mantida uma espécie de organização social arcaica e uma economia baseada na agricultura.
Os agricultores compram as sementes através de um intermediário, para posteriormente vender sua produção a esse mesmo intermediário. Produzem mandioca, feijão e milho. Vendem seus produtores nas feiras de Macaíba, no sábado, e na de Bom Jesus, no domingo.
Com cerca de dois mil moradores (cerca de 230 famílias), Capoeiras tem uma escola municipal (Ensino Fundamental) e um posto de saúde. A energia veio chegar há 18 ou 20 anos atrás e a água por adutora há 14 anos.
Capoeiras ganhou infra-estrutura rodoviária, facilitando o contato com as comunidades vizinhas. Apesar de distante de Macaíba, a maior parte do trajeto é asfaltada. Dentro da comunidade, as casas são quase todas de alvenaria e as ruas principais pavimentadas. O cenário lembra uma cidade rural, com carros-de-boi circulando carregados com a colheita, gente na calçada e pouco trânsito.
Da religião herdada pelos africanos, pouco ou quase nada se vê em Capoeira dos Negros. Os fiéis do local estão divididos entre duas igrejas protestantes e uma católica, cuja padroeira é Nossa Senhora Aparecida. O grande baluarte da cultura africana é a dança do “pau furado”.
Em agosto de 2007, num reconhecimento histórico, a Ministra Matilde Ribeiro entregou o certificado de Comunidade Remanescente de Quilombo a Capoeiras.
Ainda em 2007, a Prefeitura de Macaíba, em parceria com o Ministério da Cultura através do programa Cultura Viva – Ponto de Cultura realizaram um trabalho de resgate histórico da comunidade com o filme Capoeiras dos Negros: “A terra que o tempo esqueceu”. O filme mostra os costumes, a população, as crenças, o artesanato, as danças e comidas típicas, com destaque para os próprios moradores que contarão sua história.
FONTE –
BLOG HISTÓRIA E GENEALOGIA, DE ANDERSON TAVARES DE LYRA
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